Os investigadores portugueses do MARE-ISPA sabem que o aumento das temperaturas médias das águas do Atlântico poderá levar à aceleração do metabolismo das espécies de pequenos peixes pelágicos (que vivem na coluna de água) e, por essa via, do seu consumo de oxigénio. Pelo que, decidiram perceber que potenciais impactos é que o aquecimento poderá ter em espécies-chave como as sardinhas, analisando o DNA dos genes envolvidos na produção de energia.
“Descobrimos que a variação a nível molecular encontrada nas amostras analisadas à volta da Península Ibérica é explicada por uma relação com a temperatura mínima da água do mar e do oxigénio nela dissolvido”, explica Miguel Baltazar-Soares, adiantando: “É importante percebermos o potencial adaptativo das sardinhas perante as alterações climáticas, uma vez que os seus stocks têm sido explorados intensivamente e têm estado abaixo do limite sustentável de captura”.
Apesar da boa notícia, a situação continua a ser preocupante. Uma vez que o aquecimento das águas pode empurrar as sardinhas – e outros pequenos peixes pelágicos – para migrações a norte, em busca de águas mais frias. “Ao compreendermos os mecanismos de adaptação às alterações climáticas conseguimos prever os impactos que estas terão na distribuição dos recursos marinhos, o que permite uma melhor gestão desses mesmos recursos”, sublinha Gonçalo Silva, o investigador pelo projeto SardiTemp.
Este estudo, publicado na revista científica GENES, tem como primeiro autor Miguel Baltazar-Soares e foi realizado por uma equipa de cientistas portugueses do ISPA - Instituto Universitário, um pólo do MARE – Centro de Ciências do Ambiente e do Mar. Contou, ainda, com a colaboração do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e outras instituições científicas.
Por Paulo Caetano
Para saber mais:
https://www.mdpi.com/2073-4425/12/1/91/htm