Este lixo plástico espalhou-se pelos vários oceanos. E já chegou aos locais mais remotos: foram encontrados objetos plásticos na Fossa das Marianas, a dez quilómetros de profundidade. Levados pelas correntes marinhas e pelos ventos, milhares de objetos de plásticos acumulam-se e formam “ilhas” – como a Grande Mancha de Lixo do Pacífico, com 1,6 milhões de quilómetros quadrados, 17 vezes o tamanho de Portugal.
Os raios solares e a água atuam sobre os grandes objetos plásticos e ajudam à sua degradação. O resultado é a fragmentação e o surgimento de plásticos cada vez menores, muitas vezes inferiores a um bago de arroz. Mas não só. As microesferas contidas nos produtos esfoliantes para higiene pessoal, os flocos que resultam da degradação das tintas, são outros tantos exemplos de microplásticos que chegam até ao mar. E que por lá ficam, entrando no eterno ciclo da água, tendo sido descobertos microplásticos no gelo do Ártico e nas chuvas da Sibéria.
Esses microplásticos são ingeridos por todo o tipo de animais marinhos e provocam danos em diferentes órgãos vitais, reduzem a sua fertilidade, causam a sua morte. E envenenam todos aqueles se alimentam deles. Incluindo os seres humanos, ávidos consumidores de peixes, mariscos e bivalves.
No planeta são produzidos mais de 300 milhões de toneladas de plástico virgem por ano. Uma grande parte descartável e de uso único. Como explica a investigadora Paula Sobral, esses plásticos chegam às linhas de água por negligência, muitas vezes empurrados pelas chuvas, porque os lixos são abandonados em qualquer local.
A nível mundial são reciclados menos de 10 por cento do plástico produzido – e em muitos países do mundo essa percentagem é muito inferior e completamente irrisória. Outra parte do lixo plástico é misturado com os resíduos indiferenciados e acaba num aterro sanitário ou numa incineradora. Mas a maior parte do plástico, fruto de uma má gestão de resíduos, acaba os seus dias a boiar na água.
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