Genericamente, a produção de ruminantes - ovinos, caprinos e bovinos - é feita de forma extensiva. A intensificação aconteceu, principalmente, em duas espécies monogástricas: os frangos e os suínos. Mas essa industrialização da produção foi necessária para combater a carência de proteínas que o mundo enfrentou após a Segunda Guerra Mundial. Mesmo nos dias de hoje, convém lembrarmo-nos que existem duas realidades bem distintas: no conforto do hemisfério norte é fácil criticar a produção mais intensiva, mas quem habita no lado sul do planeta necessita absolutamente de carne e peixe para a sua sobrevivência. A balança de consumo de carne é assustadora e necessita urgentemente de ser equilibrada: em alguns países europeus, o consumo de carne por pessoa oscila entre os excessivos 100 e 110 quilos por ano, enquanto nos países pobres da África e da Ásia não ultrapassa os 7 a 10 quilos.
Sobre o papel dos ruminantes domésticos, Alfredo Teixeira gosta de sublinhar que estes animais são autênticas máquinas biológicas, aproveitadores de recursos forrageiros que não podem ser aproveitados por mais ninguém. Ou seja, não são competidores diretos com o Homem e, pelo contrário, alimentam-se de restolhos e de outros recursos que seriam descartados como lixo. Têm, aliás, a incrível capacidade de consumir alimentos fibrosos e transformá-los em proteína microbiana.
Para este investigador do CIMO, e docente no Instituto Politécnico de Bragança, é tempo de valorizarmos a produção e o consumo local. Não só pela menor – quase inexistente pegada ecológica -, mas também pela sua qualidade intrínseca.