Estes compostos, sintetizados em laboratório, são depois estudados minuciosamente. É analisada a sua estrutura, reatividade, propriedades. Só depois os investigadores estão em condições de saber como os podem utilizar. E foi aqui que surgiram algumas surpresas. Lurdes Cristiano percebeu que estes compostos não serviam apenas para combater estas doenças que afetam a Humanidade, mas que tinham outras aplicações – como a aquacultura.
É que o número de seres humanos na Terra continua a aumentar exponencialmente e a alimentação é um tema cada vez mais premente, a exigir soluções eficazes e rápidas. A aquacultura intensiva de peixes, moluscos e bivalves pode ser uma das soluções. Mas a aquacultura intensiva não é isenta de problemas – e um deles são as infeções parasitárias que podem comprometer toda a produção de uma exploração.
A investigadora do CCMar interessou-se por este tema e rapidamente percebeu que esses parasitas são protozoários, com semelhanças aos parasitas da malária, por exemplo. E conseguiu criar soluções simples e baratas, com moléculas fáceis de sintetizar, que combatem estas infeções.
Mas não se ficou por aqui. A contaminação das aquaculturas com catiões de metais de transição também entrou no seu foco e, para a combater, já desenvolveu algumas moléculas que retiram o cobre e, recentemente, o cadmio das explorações – resolvendo um problema que, para além dos impactos na produção, também seriam um risco para a saúde pública.