As plantas halófitas são comuns. Quase toda a gente ligada ao litoral sabe o que é a salicórnia ou espargo do mar, como é vulgarmente conhecida. É uma planta de folhas verdes, em forma de escamas, saborosa e nutritiva. Hoje em dia, já é cultivada e consumida crua ou cozinhada, desidratada ou triturada. Para lá do agradável sabor a mar, a salicórnia possui propriedades imuno-estimulantes, anti-inflamatórias, anti-tumorais e antidiabéticas. Mas este é só um exemplo, entre muitas espécies, de uma planta tolerante ao sal. E foram essas plantas que Luísa Custódio começou a estudar. E a cultivar. Uma prática altamente vantajosa do ponto de vista da sustentabilidade, uma vez que estas plantas podem ser regadas com água do mar – um recurso natural e abundante.
O objetivo é encontrar formas de valorizar estas plantas para uso alimentar, para extração de compostos naturais para a indústria da cosmética, para uso veterinário e para a farmacêutica. As aplicações mais recentes pertencem ao projeto Green Value. Aqui, o foco são os extratos de halófitas usados como aditivos alimentares – quer na preparação de queijos e iogurtes ou na conservação de fatias de fruta fresca. Até ao momento, já foi produzido queijo de cabra com extratos de duas halófitas muito aromáticas.
Antes de se dedicar à Economia Azul, Luísa Custódio teve uma importante passagem pelo Verde. No início do seu trabalho em biotecnologia, a investigadora dedicou-se à micropropagação de espécies, em particular de sobreiros e alfarrobeiras. O seu trabalho consistia em identificar os espécimes mais interessantes na produção de cortiça e alfarroba e cloná-los. Depois, essa descendência criada em laboratório, era plantada e usada no aumento da produção agrícola. Além disso, a investigadora estudou as propriedades biotecnológicas de alguns produtos obtidos a partir destas espécies. As alfarrobas, por exemplo, possuem compostos naturais com atividade antimicrobiana e quimiopreventiva – o que ser utilizado em futuras aplicações.