PODCAST T4E5: Luís Melo - Conhecer as Comunidades de Bactérias

Nas últimas décadas, o investigador Luís Melo, do laboratório associado ALICE da FEUP, dedicou-se ao estudo das comunidades de bactérias, conhecidas por biofilmes. O seu objetivo é encontrar novas formas de as combater, quando necessário. Quer seja na medicina ou na indústria.

Os biofilmes são películas que os microrganismos, em particular as bactérias, produzem em quase todo o tipo de superfícies. Essas películas são constituídas por polímeros produzidos e geridos pelas bactérias - que criam assim o seu próprio habitat. Nos biofilmes formam-se comunidades biológicas estruturadas e funcionais, que aqui encontram uma forma de se protegerem e de proliferarem. Formam-se, entre as diferentes comunidades de bactérias de cada biofilme, relações simbióticas que ajudam à sobrevivência em ambientes hostis.

Claro que nem todos os biofilmes são nocivos. Existem alguns que são muito bons e úteis para o ser humano. Tudo depende do local onde estão. Um exemplo simples é o das bactérias que temos na pele, como o filococos epidermis. Elas são fundamentais para a nossa pele e para manter o ph equilibrado. Mas se tivermos uma ferida e elas penetrarem no sangue, então temos um problema. O mesmo sucede com as bactérias que temos na boca ou nas fossas nasais. São necessárias e importantes, mas não podem ir para as vias pulmonares.

Quando o biofilme se forma no local errado e começa a causar dano, há que entrevir. Só que as bactérias estão a tornarem-se resistentes a diversos tipos de antibióticos e de biocidas. Por isso, a prevenção torna-se essencial. Em matéria industrial, para evitar surtos de legionella por exemplo, os investigadores estudam novos equipamentos, com materiais diversos, como o aço “bombardeado com iões”, de forma a minimizar a adesão das bactérias às superfícies. Outro projeto em que Luís Melo está envolvido, que se encontra na fase de piloto industrial, tenta uma metodologia diferente: para tratar água, fixa-se o biocida em pequenas partículas que, sem as abandonar, possa matar as bactérias através da chamada “morte por contato” - o que reduz as resistências bacterianas e evita a contaminação da água.

Luis Melo sente-se um privilegiado. Porque está na profissão que escolheu e, graças a ela, tem a liberdade de pensar e de exprimir o que pensa. Pode estudar os temas que são do seu interesse e pode colocar, em documentos escritos, as suas teses e ideias. E isso pode parecer pouco ou banal, mas Luís Melo sabe que não o é. Como gosta de recordar, no final do século XIX, a Dinamarca tinha a mesma taxa de analfabetismo que Portugal em 1973. Este atraso estrutural e recente, deixou as suas marcas e demora décadas a resolver. E a Ciência é um dos caminhos possível – a par da Cultura e da Educação – para recuperar esse atraso.

vamos descobrir mais?
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